quinta-feira, 30 de abril de 2020

As vozes que não se calam...


Hoje oiço vozes,
Sem nada dizerem,
Perdi a noção do tempo,
Que me trouxe o confinamento.
Entrei em transe,
Fiquei sem chão,
Percebi que falo sozinho,
E arrepanho os cabelos.
Deixei me enrolar,
Não no mar nem areia,
Mas nas vozes que oiço,
Dentro de minha cabeça.
Fugir não faz sentido,
Porque já nem tenho,
Local para ir,
E deixar aqui as vozes sozinhas.
Hoje senti me ir,
Sem perceber como,
Mas hoje bate forte,
Muito mais que um martelo.
Gritar não importa mais,
Senti que o meu sentido,
Deixou de fazer sentido,
Neste Mundo sem sentido.
Hoje assumi que lutaria,
Por um Pais decente,
Nem que isso causasse,
A minha mesma morte.
Mas agora vi e senti,
Bem sério nesta mente,
Que entrei em loucura de transe,
Sem perceber como.
Hoje oiço vozes,
Hoje elas gritam sem fim,
Hoje a mente fez tilt,
E não foi do confinamento.
Foi um tempo intenso,
Que intensamente não acaba,
Mesmo que se saiba,
Que todos fomos enganados.
Custa olhar e ver,
E ouvir as tais vozes,
Dizer que sim ou que não,
Consoante a maré dita.
Hoje foi de vez,
Que a minha mente gripou,
Sem a tal doença em mim,
Se ter chegado.
Hoje as vozes estão fortes,
Hoje assumo a loucura,
Dentro de mim estarem,
As vozes que não se calam.

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