quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Banho preparando o fim noutro lado...


Oiço a água correr,
Uma música de fundo,
A porta fechada,
Anuncia bom pronuncio.
Oiço sussurrar o meu nome,
Sigo o som suave,
Uma porta que se abre,
É um corpo assim já nu.
Entro sem pedir,
Pois o chamar bastou,
Colocam me as mãos,
E fazem um gesto "shiu".
Meu corpo passa a ter dona,
Colado à parede,
Sinto a roupa cair,
E as velas a iluminar.
Os dedos percorrem minha pele,
Sem nunca chegar perto,
Dos locais mais quentes,
De um corpo que já arde.
Levam me até perto,
De uma banheira já cheia,
Sua espuma esconde água,
Com perfume de jasmim.
Entram a minha frente,
Deitam se sobre a espuma,
Que abre caminho,
Para a água sentir.
Não me deixam entrar,
Fica deitada a olhar,
E a fitar meu corpo,
Pois o seu escondido está.
Pede para tocar,
Sua pele molhada,
Escondida na espuma,
E rendida pela água.
Depois de correr pela pele,
Pedem para entrar,
Numa banheira imensa,
Que os corpos se colam.
Apenas beijos e toque,
Na pele molhada,
Por entre a espuma,
Sem tocar no ponto quente.
A água aquece ou esfria,
Não percebo bem,
Mas também não importa,
Pois o arder está latente.
Quando por fim já lavados,
Pela espuma esvoaçante,
A música assim pede,
Que se unam dois corpos.
Então a água salpica.
Uma casa de banho pequena,
Por entre as gotas de espuma,
Que saíem do movimento.
Tudo indica o fim,
Mas no momento certo,
O fim não chega,
Porque espera assim,
Um encontro bem quente,
Numa outra divisão...








Pensamento e palavras...



Pensamento destreinado,
Palavras que se prendem,
Degradação permanente,
Em virtude do fim.
Sentimento cansado,
Pensamento doado,
Libertação liberta,
De prisão bem solta.
Foi assim a chegada,
A uma lua sem luz,
Que de fria nada tinha,
E o sol não aquecia.
Bebia água seca,
De uma fonte cansada,
Representada por um caneco.
Voaria até ali,
Novamente a prever,
O que de novo iria ver,
Sem que nada o provasse.
Horas a fio de olhares,
Premiado por um nada,
Que vendo bem até era,
Um formiga lavada.
Corpos nus ou não,
Por entre árvores sem flores,
Que tapavam imenso,
O vulto de quem lá estava.
Jogado para o rio,
Que de perto nada tinha,
E que seco corria,
Para as margens do livro.
Por entre cordas e pinhais,
Assumindo o gosto,
De uma margem com flores,
Que um dia lá tinha havido.
Viesse assim o mar,
Até ao encontro de nós,
Por entre as ondas rasgadas,
De um mar bem flat...






Naquela noite clara...


Correndo lentamente,
Para os braços fechados,
Por entre olhares,
Em pleno escuro.
Aproximam-se dois corpos,
De dois seres pensantes,
Que preferem o toque,
Nos desejos ardentes.
Sonhos e ilusões,
Em corridas paradas,
De toques voltados,
Para peles arrepiadas.
Fugazes e audazes,
Libertos de sons,
Em prisões abertas,
De mentes bem fechadas.
Julgam por tudo,
Fazem por nada,
Soltam se as amarras,
E tocam se a cada segundo.
São poderes repostos,
Em ruas da calçada,
Por entre paredes,
Que gemidos se sentem.
Luzes apagadas.
Que iluminam bem o corpo,
Em eruditas conversas,
De bocas seladas,
Em salas quadradas.
Pelo chão se estende,
A roupa que não existe,
Em peças pequenas,
De lutas inquietas.
Erupções vulcânicas,
Sem vulcões por perto,
Ardentes os desejos,
Que em ilusões se tornam.
Cada linha um prazer,
Cada toque um gemido,
Cada beijo um voar,
Cada orgasmo um paraíso...