quinta-feira, 21 de abril de 2022

E o tempo não volta mais...


No espelho um olhar vazio,
Um corpo dorido,
Uma noite perdida,
Uma ancora a meia haste.
O desejo de lutar,
Numa luta desigual,
Onde falar não adianta,
Por seguir se o silencio.
O abandono que se permite,
O tempo que não volta mais,
Encontra se mais um pico,
De uma rosa bem do campo.
Olha se na volta do nada,
Não se luta pelo ter,
Encolhe se os ombros,
E o tempo não volta mais.
Regressa se ao passado,
Que não foi vivido assim,
Permite se que outros,
Perturbem o sono real.
Do sonho não se faz vida,
Mas da vida faz se um sonho,
Onde os pesadelos acontecem,
Por não querer se lutar.
O desejo de ser mais,
Do que apenas um objeto,
E com os ouvidos bem abertos,
Para não se repetir a dose.
Vira se costas ao luar,
Não se olha o sol de frente,
Aceita se o nevoeiro,
Que aclama D. Sebastião.
E do tempo que não volta,
A volta do relógio não para,
E se perdem os momentos,
Porque o tempo não volta mais...

 

Entende o que pretendes...


Esconde te no quadro perfeito,
De uma cama desolada,
Fria e insegura,
Onde se queimam as agruras.
Encontra o que se perdeu,
Aquece os motores da alma,
Onde perdura a imperfeição,
De uma mente cansada.
Reflete o que sentes,
Promete o que desejas,
Entende o que foi dito,
E perturba a noite vivida.
Reencontra o ser,
Os prazeres que se perderam,
E remete para o vazio,
Os medos que te encontram.
Permite sentir o luar,
O aquecer do estrelar,
Até ao amanhecer,
E deixa o Sol raiar.
Julga o passado,
Que sem tua existência,
Permitiu que se chegasse,
Ao dia do olhar.
Telefona e fala,
Grita o que quiseres,
Encolhe o sentido do medo,
E agarra o sorriso da alma.
Foge para o lado oposto,
De um caminho ruinoso,
Que sempre perto do abismo,
Parece o fim não temer.
Salta entre os rochedos,
Que encalham o pensamento,
Poisa o copo vazio,
E agarro que está cheio.
Do passado o sentido,
De um prazer inegável,
Onde permitiu seres o que és,
E formou te na vida.
Treme ao teu belo prazer,
Escolhe o silêncio do pranto,
Que te acolhe no desespero,
E nos lamentos nem tanto.
Encara o que tens,
E não o que não tens,
Aprecia os momentos,
Que se tornam tão efémeros.
Reverte as palavras,
Encara de frente e ouve,
O silêncio não é de ouro,
Quando uma conversa existe.
Agarra te ao que queres,
Deslarga o que não queres,
Entende o que pretendes,
E fica com isso de uma vez...