quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Vestida aquela lingerie...


Hoje encontrei lingerie,
Debaixo da cama usada,
Em noites quentes de Verão,
Que se passou do nada.
Relembro bem a cor,
De uma renda desenhada,
Como se o corpo existisse,
E a alma tivesse ficado.
Da janela vejo o Sol,
Que se deitou no postigo,
Encontrei o Luar,
Em tempos de chuva amiga.
Que se lixem as buscas,
Na lingerie ficarei a olhar,
O busto do manequim,
Que usava quando a comprei.
Já tentei ver qual,
Ou até entender como,
Mas aquela lingerie,
Nunca foi mesmo usada.
No desenho do corpo,
Que poderia ali caber,
Sei que no rabo certo,
Ficaria maravilhosa sem saber.
Incompreendido por ser,
Um ser que adora ser,
Entre o que sei e o saber,
Sei apenas o que não sei.
E no fixar da lingerie,
No corpo que posso desenhar,
Como se fosse o que quero,
Sem perceber o seu ser.
Encalhado pelo momento,
Em que de casa só se sai,
Para ver o espanto olhar,
E o silêncio assim calar,
E poder dali cair.
Liberdade presa pelo medo,
Onde temos que ficar,
Em casa a ver chover,
E o sorriso triste permanecer.
Encontrar no horizonte,
Uma vontade sem igual,
Queria voltar a ver,
Vestida aquela lingerie.
Sei que foi no frio manequim,
Que ela se revestiu de pensar,
Em como ficaria bem,
Num corpo de sonhar!!!

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